terça-feira, 17 de novembro de 2009

Lançamento da FEDERAÇÃO QUILOMBOLA DE SÃO PAULO


 
Dia 16 de novembro último, na sede do Sindicato dos Advogados de São Paulo (rua da Abolição, 167, São Paulo-SP), deu-se o evento de lançamento da FEDERAÇÃO QUILOMBOLA DE SÃO PAULO, nova entidade destinada à organização, comunicação e luta pelos direitos quilombolas. O evento contou com apoio de vários militantes, quilombolas e autoridades públicas, bem como com Instituto Luiz Gama, Afropress, Sindicato dos Advogados de São Paulo, UneAfro Brasil, INCRA e ITESP

Na primeira fala, João Bosco, que magistralmente cuidou do andamento dos trabalhos, membro da Afropres e do Instituto Luiz Gama, destacou a participação direta, imediata e sem intermediários dos próprios quilombolas enquanto única forma de garantir legitimidade para a Federação Quilombola. Em seguida, convidou para composição da mesa o sr. Luiz Mariano Santos, presidente da Federação Quilombola de São Paulo, oriundo do Quilombo do Carmo; o sr. Carlos Henrique, do Instituto de Terras de São Paulo (ITESP); o sr. Homero Moro Martins, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA); a sra. Regina Aparecida Pereira, da Coordenação Estadual dos Quilombos de São Paulo, oriunda do Quilombo Cafundó; e o prof. Sílvio Luiz de Almeida, presidente do Instituto Luiz Gama.

Tomando a palavra, o sr. Luiz Mariano Santos destacou a importância de união entre todos os quilombos, pois todos possuem uma história comum de sofrimentos e lutas. Em seguida, o sr. Carlos Henrique (ITESP) fez seus votos de sucesso para a Federação. O sr. Homero Moro Martins (INCRA) destacou a importância de organizações como a Federação, por sua capacidade de pressão junto aos órgãos públicos, enquanto mais uma forma de democratização das relações sociais brasileiras. A representante da UneAfro Brasil, Gláucia, em seguida, explicou um pouco o que é e quais os objetivos da UneAfro, sua luta por todos os excluídos, as atividades de ensino, formação política e militância favorável a toda classe trabalhadora.
 
A sra. Regina Aparecida Pereira, da Coordenação Estadual dos Quilombos de São Paulo, leu notícia referente a assinatura presidencial de decretos de regulamentação de diversas comunidades quilombolas no próximo dia 20 de novembro. Destacou a importante líder sobre a necessidade de cada vez maior organização e disposição de pressão junto ao Poder Público, pois os problemas de um quilombo não são unicamente seus, mas sim de toda comunidade quilombola brasileira e paulista. Na sequência, o prof. Sílvio Luiz Almeida enfatizou que Federação Quilombola é o canal de voz dos quilombos, organismo próprio e autônomo, sem se subordinar ou condicionar a qualquer outra organização. Salientou, ainda, que a Federação, por força de seu estatuto, é aberta à participação de qualquer comunidade quilombola interessada, ainda que não tenha sido fundadora.
 
Pedindo a palavra, o sr. Mário do Prado, do Quilombo Caçandoquinha narrou a necessidade diária de coragem na luta por direitos, luta bastante árdua, mas a qual todos se mostram dispostos. Registrou ainda, para alegria de todos, que, com muito sacrifício, é estudante de direito e, uma vez formado, reforçará ainda mais sua luta pelos direitos quilombolas. Logo após, o sr. Luiz Francisco Melo, do Quilombo Porcinos, narrou sua luta contra a grilagem, bem como seu bom relacionamento com os militantes do MST na regão. O jornalista José Nelson Pereira saudou os presentes e destacou a importância de uma mídia voltada para os excluídos. O sr. Dário de Oliveira, do Quilombo Porto dos Pilões, destacou as dificuldades da sua comunidade e reclamou de um problema cuja solução a Federação surgiu justamente para solucionar: a falta de lealdade de alguns representantes com sua base quilombola. Por fim, Miryan Ness, da Rede Grumião de Mulheres Indígenas, alertou para a comunhão de interesses entre quilombolas e indígenas, destacando o genocídio nunca denunciado dos povos originários da América, com mais de 70 milhões de mortos, assim como a extinção acelerada de etnias e línguas indígenas.
 
Encerrando o evento, o prof. Sílvio Luiz Almeida, o qual também é advogado, explicou a estrutura da Federação. Enfatizou especialmente a existência do Conselho Deliberativo, pelo qual se darão as mais importantes decisões da Federação e no qual qualquer comunidade quilombola interessada pode participar. Destacou, ainda, a existência do Conselho Executivo, composto por três representates eleitos pelos quilombos, cujo mandato, por sua vez, pode ser revogado em caso de desconformidade entre poderes delegados e a prática do representante.
 
Assim, mais um instrumento de luta popular surge e tantos outros surgirão enquanto este mundo de riquezas for injustamente apropriado por poucos. Os povos estarão corajosamente em pé, dipostos a sacrifícios e lutas!!!
 
 

DATA: 16/11/2009

LOCAL: SINDICATO DOS ADVOGADOS DE SÃO PAULO

AUTORIDADES E MILITANTES PRESENTES

Luiz Sérgio (Movimento Líderes pela Igualdade)

Agnaldo Santos (Sociedade são Martinho e Movimentos Líderes pela Igualdade)

Celso Soares (Quilombo Agudos)

Irina Ferreira (Quilombo Agudos)

Luiz Mariano Santos (Quilombo do Carmo)

Homero Moro Martins (INCRA)

Luiz Francisco Melo (Quilombo Porcinos)

Miryan Ness (Rede Grumião de Mulheres Indígenas)

Mário do Prado (Quilombo Caçandoquinha)

Lucas da Silva (Unesp)

Sílvio Luiz de Almeida (nstituto Luiz Gama – presidente)

Regina Aparecida Pereira (Quilombo Cafundó)

José Malvane (Assessor do Deputado João Caramez)

Wilson de lima Santos (militante Uneafro)

Edilson F. de Oliveira (AESPFO Agudos)

Arthur Neto (assessor inst. com. RCI)

Haroldo Nasciemento (acho que é da ZUMBI)

Nelson Pereira Santos (jornalista)

Alfredo Rodrigues (Quilombo Porto dos Pilões)

Raimundo Xavier (ex-ZUMBI)

Carlos Henrique (ITGSP-SP)

Dairo Oliveira (Quilombo Porto dos Pilões)

Alessandra Devulsky (ILG)

Patrícia Schons (MST)

Jamyle Pereira (ILG)

Felipe Lopes Tamelini (ILG)

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