quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Os livros do filósofo do Direito Alysson Mascaro

Colunas

25agosto2011
LIVRO ABERTO

Os livros do filósofo do Direito Alysson Mascaro

<![if !vml]>http://s.conjur.com.br/img/b/alysson-cut-180820111.jpeg<![endif]>Aos 35 anos de idade, Alysson Leandro Mascaro é o mais jovem professor da área de Filosofia do Direito da USP. Autor de mais de dez livros, dentre eles Filosofia do Direito e Crítica da Legalidade e do Direito Brasileiro, seu pensamento crítico é original na cena jurídica brasileira. Suas reflexões descortinam a realidade e apresentam o Direito a partir de estruturas históricas e sociais, mostrando a natureza real e ideológica das proposições jurídicas. 
O pensamento de Mascaro foi consolidado com muita leitura. Cada um com suas características, Fiódor Dostoiévski, Liev Tolstói e Máximo Gorki são considerados a trinca de formação do professor, e constituíram não só seu horizonte de mundo, mas seu caráter. 
Mascaro nasceu e cresceu em Catanduva (a 390 km de São Paulo), e por causa da paixão por ciências humanas, foi para a capital, com 17 anos, cursar Direito no Largo São Francisco. Aos 22 anos já era professor, aos 26 doutor em Filosofia e Teoria Geral do Direito, e aos 30 livre-docente e professor regente da disciplina de Filosofia do Direito na USP. Hoje também é professor do mestrado e doutorado em Direito do Mackenzie e advogado. 
Passo a passo
O filósofo do Direito começou a ler muito cedo, antes de entrar na escola, e sempre<![if !vml]>http://s.conjur.com.br/img/b/julio-verne-20-mil-leguas-submar1.jpeg<![endif]> teve muito acesso a leitura em sua própria casa, onde havia uma grande biblioteca da qual podia escolher suas referências.
O que marcou seus primeiros anos de leitura foi Monteiro Lobato eJulio Verne, deste último leu quase tudo que já tinha sido traduzido para português na época, foi seu despertar para o pensamento criativo.
Da época da escola lembra de Eça de Queiroz. Dele, gosta de O Primo Basílio e A Ilustre Casa de Ramires.
<![if !vml]>http://s.conjur.com.br/img/b/ganhando-meu-pao.png<![endif]>No começo da adolescência, entre 12 e 13 anos, leu Ganhando meu pão, deMáximo Gorki, e todo um horizonte de pensamento social lhe foi aberto por essa verdadeira obra de formação.
Da literatura brasileira leu muitas obras do século XIX e XX, como José de Alencar, Machado de Assis e Lima Barreto, deste, especialmente O Triste Fim de Policarpo Quaresma. O gosto por olhar o Brasil de uma forma realista e potencialmente crítica o atraiu.
Na mesma época despertou para a poesia com os poetas brasileiros modernos da primeira metade do século XX, Manoel Bandeira eCecília Meirelles. Já ao final da adolescência, diz que seu horizonte para a poesia e para a sensibilidade no geral se abriram com Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto.
Poesia e prosa
Mascaro também gosta muito da produção literária portuguesa. Não só leu Os Lusíadas, de Luís Vas de Camões, como decorou alguns trechos. Mas prefere os mais intensos, como Fernando Pessoae Mário de Sá-Carneiro.
Dos poetas brasileiros, cita o amazonense Tiago de Mello, o cearense Patativa do<![if !vml]>http://s.conjur.com.br/img/b/meu-sertao.jpeg<![endif]> Assaré e o maranhense Catullo da Paixão Cearense.
Da prosa brasileira gosta de Érico Veríssimo, pela capacidade de narrar com clareza, e pela riqueza do enredo, o que considera muito importante. Dele gosta especialmente de O Tempo e O Vento. Jorge Amado também é citado, por uma obra do início de sua carreira: ABC de Castro Alves.
Leu e indica
Entre tanta leitura, Mascaro indica A Montanha Mágica, de Thomas Mann, por trazer grandes impasses políticos, filosóficos e culturais da subjetividade individual do século XX.
<![if !vml]>http://s.conjur.com.br/img/b/teoria-geral-direito-marxismo.jpeg<![endif]>Na área jurídica, indica a obra do teórico marxista Evgeni Pachukanis, "o maior clássico do pensamento jurídico crítico, investiga as bases profundas do fenômeno jurídico nas sociedades capitalistas, alcançando as especificidades do fenômeno jurídico contemporâneo".
Direito crítico
Pachukanis foi muito importante na tese de doutorado de Mascaro,Crítica da Legalidade e do Direito Brasileiro. Nela, ele estuda as questões atuais do Direito resgatando uma leitura do marxismo jurídico a partir de sua lógica e estrutura mais profundas. "Pachukanis conseguiu definitivamente ultrapassar uma genérica identificação do Direito ao poder e ao domínio de uma classe para entendê-lo a partir de sua própria razão na reprodução capitalista", diz.
Sua livre-docência Utopia e Direito: Ernst Bloch e a ontologia jurídica da utopia, também já publicada, baseou-se na obra do filósofo marxista alemão Ernst Bloch e mostra um pensador esperançoso, que sai do Direito e da Filosofia mas desenvolve temas como o tempo, psicanálise, política, estética e a religão.
Na época de faculdade, sempre guiado pela sensibilidade do mundo contra injustiças, por uma visão fraterna e horizonte de mundo crítico, também através de suas leituras Mascaro enfrentou seu tempo de universitário na década de 90, radicalmente neoliberal.
Em seu estudo jurídico, sempre procura uma formação diversificada abrangendo toda a área das ciências humanas. Contudo, sua base é essencialmente clássica, e preferiu conhecer amplamente todas as áreas: privada, pública e social. Rudolf von Ihering, Clóvis Beviláqua, Pontes de Miranda e Ruy Barbosa são exemplos de autores que passaram e ainda passam pela cabeça. Sempre absorveu muito as reflexões especialmente de Barbosa.
Dos contemporâneos, se guiou por Oskar Von Bülow, Francesco Carnelutti, Mauro Cappelletti ePiero Calamandrei
Recentemente lembra de ter lido Teoria Materialista do Estado, de Joachim Hirsch, que considera avançar bastante na reflexão política e jurídica.
Outros mares
Não é só de literatura o gosto pela arte do filósofo do Direito. Na música gosta de Bossa Nova, Louis Armstrong, Frank Sinatra, Bach, Bethoven, Lizt, Chopin, Tchaikovsky. E também, como bom inteiriorano, da genuína música caipira.
<![if !vml]>http://s.conjur.com.br/img/b/kandiski.jpeg<![endif]>
Nas artes plásticas, lhe interessa o modernismo, expressionismo e a arte moderna e abstrata no geral. Nesse sentido, cita Cândido Portinari e o russo Wassily Kandinsky.
Na escultura é atraído pelo moderno e abstrato, e na arquitetura não é diferente. Gosta desde a escola Bauhaus às obras de Oscar Niemeyer.
Gabriela Rocha é repórter da revista Consultor Jurídico.
Revista Consultor Jurídico, 25 de agosto de 2011

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